sábado, 3 de abril de 2010

Otimismo


     João era o tipo de pessoa que estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo a dizer. Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a resposta vinha logo:
     -Se melhorar, estraga.
     Ele era um gerente especial. Seus garçons o seguiam, de resturante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Era um motivador nato. Se um colaborador estivesse enfrentando um dia ruim, João mostrava sempre como ver o lado bom da situação. Alguém, curioso com seu estilo de vida, um dia lhe perguntou:
     -Você não pode ser uma pessoa tão positiva o tempo todo. Como faz isso?
     -Sua resposta foi pronta: Cada manhã, ao acordar, digo pra mim mesmo: "João, você tem duas escolhas hoje. Pode ficar de bom ou mau humor." Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de ruim acontece, posso escolher entre bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o fato. Escolho aprender. Toda vez que alguém reclama, posso escolher entre aceitar a reclamação ou mostrar o lado agradável da vida. Ela é feita de escolhas. Quando você examina a fundo a situação, sepre há possibilidade de escolha. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas afetarão o seu humor. É sua a escolha de como viver a sua vida.
Anos mais tarde, soube-se que João cometera um erro: deixou a porta de serviço aberta pela manhã, e foi rendido por assaltantes. Dominado, enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, trêmula pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte, foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de seis horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta ainda com fragmentos de bala alojados em seu corpo. Quando alguém perguntava sobre a sua saúde, respondia:
     -Se melhorar, estraga.
     As pessoas lhe questionavam sobre o que havia passado em sua mente, na ocasião do assalto.
     -A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta - respondeu. -Depois, deitado no chão, ensanguentado, lembrei que tinha duas escolhas: viver ou morrer. Escolhi viver.
     -Você não estava com medo? - perguntou alguém.
     -Os médicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência, e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: "esse aí já era." Decidi então que tinha que fazer algo. Havia uma enfermeira que me fazia muitas perguntas, como se eu era alérgico a alguma coisa. Respondi: "sim."
Todos me olharam surpresos. Tomei fôlego e gritei:
     -Sou alérgico a balas.
     E entre risadas completei:
     -Estou escolhendo viver, operem-me como um ser vivo e não como um morto.

João sobreviveu, graças à persistência dos médicos, mas também graças à sua atitude favorável diante das adversidades.

Livro: Lições de Vida e Esperança
Pe. Adalíbio Barth - 2003